Atualizado: 7 de jul. de 2020
Considerados os mais primitivos animais multicelulares, as esponjas não têm órgãos nem tecidos verdadeiros e suas células possuem alto grau de independência. São animais osmoconformistas, sésseis (em maioria, os poucos vágeis se locomovem por rastejamento), bêntonicos (associados ao substrato) e possuem uma estrutura corporal que lembra uma colônia de protozoários em alguns aspectos. Podem ser bêntonicos epifauna (em cima do substrato, também chamado de epibêntica) ou infauna (abaixo do substrato, também chamado de inbêntica). Alguns podem ser pelágicos (associados à coluna d’água) planctônicos (carregados pela maré). Variam em tamanho, são assimétricos. A superfície de uma esponja é perfurada, formando poros ou óstios por onde a água entra. A cavidade interior do corpo chama-se espongiocele ou átrio e a grande abertura no topo do corpo do animal é denominado ósculo (por onde a água sai). Ao redor do ósculo existem células contráteis chamadas miócitos que realizam a abertura dos porócitos e auxiliam na locomoção de esponjas vágeis. São bioindicadores e bioativos (importância farmacológica).
ESTRUTURA CORPORAL
Pinacoderme: camada mais externa, formada por pinacócitos. Possui porócitos e pode possuir uma cutícula constituída de colágeno para defesa.
Coanoderme: camada mais interna, formada por coanócitos que são células que possuem flagelos para realizar a circulação da água. A água entra por diferença de pressão (a pressão de fora é maior que a de dentro). Os coanócitos são muito semelhantes em estrutura aos protozoários coanoflagelados.
Mesohilo: camada intermediária, formada por substância gelatinosa, com espessura variável, onde ocorre produção de gametas, de elementos esqueléticos (sustentação), digestão e etc. As células dessa camada são ameboídes. Essa camada apresenta células como arqueócitos (fagocitárias, totipotentes), colêncitos (secretam as fibras de colágeno dispersas), esclerócitos (produz espículas) e espongiócitos (é a sinapomorfia do filo, forma espongina). Contém fibrilas colágenas, algumas possuem espongina (fibra semelhante ao colágeno).
Esqueleto: formado de espículas calcáreas (CaCO3), espículas silicosas, fibras de espongina proteícas ou uma combinação das duas últimas. Espículas são “espinhos” ligados por uma rede de colágeno fibrilar. O Filo Porífera é o único que possui silica no esqueleto. Megascleras: espículas maiores, apresentadas em menor quantidade; Microscleras: espículas menores, apresentadas em maior quantidade;

ARQUITETURA CORPÓREA
Asconoíde: nesse caso, a arquitetura é rara por ser primitiva, possui forma tubular (vaso), raramente apresenta mais de 10 centímetros, possui 3 camadas (pinacoderme, mesohilo e coanoderme), 1 átrio e a parede corporal é lisa (sem invaginações).
Siconoíde: apresenta simetria aparentemente radial, possuem invaginações/dobras pelo corpo, são maiores, tem 1 átrio e os coanócitos se encontram em câmaras flageladas.
Leuconoíde: possui muitas invaginações/dobras na parede corporal, ocorrendo o desaparecimento do átrio e surgindo um sistema de canais, por onde a água circula. Há uma grande quantidade de ósculos que garantem maior velocidade e pressão. São maiores em tamanho.
PRESSÃO EVOLUTIVA
Ser maior gera vantagem de sobrevivência (preda mais do que é predado) e de seleção sexual. No caso do asconoíde, a circulação é mais lenta quanto maior for o animal. Consequentemente, o oxigênio demora para entrar e o dióxido de carbono (CO2) para sair, a obtenção de energia é menor, o alimento demora mais para chegar e o resíduo para sair.
ALIMENTAÇÃO
Os animais pertencentes a esse filo se alimentam daquilo que passa pelo porócito, ou seja, realizam seleção por tamanho, sendo chamados de microfágicos. O alimento só chega ao animal graças aos coanócitos que possuem flagelos e realizam a circulação da água. Em volta dos flagelos existe um colarinho (aparelho filtrador), no qual o alimento fica preso antes de ser fagocitado. Após a fagocitose, ocorre a formação do vácuolo digestivo que é transportado até o mesohilo através de coanócitos que perderam seus flagelos e colarinho e que se locomovem por pseudópodos, se tornando coanócitos transportadores.
REPRODUÇÃO
Assexuada
Regeneração: células totipotentes, gera um novo indivíduo;
Brotamento: primeiro regenera, depois solta/libera;
Fragmentação: primeiro solta/libera, depois regenera;
Gemulação: ocorre em algumas espécies leuconóides de água doce. Gêmula é uma estrutura reprodutiva que carrega o material genético para ambientes temporários e/ou extremos, possuindo alta capacidade de regeneração, sendo pequena, esférica, apresentando de 1 a 3 camadas de colágeno com espículas (microscleras silicosas) e tem caráter sazonal.
Outono: inicio do processo de formação da gêmula – no interior do mesohilo começa a aumentar a concentração de arqueócitos, trofócitos e coanócitos. O colágeno envolve essas células.
Inverno: o animal adulto se quebra, liberando as gêmulas para o meio externo. Dentro da gêmula os arqueócitos vão sofrendo mitose.
Primavera: graças as condições favoráveis (temperatura, luminosidade…), ocorre a abertura da micrópila (efetivando a formação da gêmula), os arqueócitos começam a sair e colonizar a superfície externa da gêmula, se diferenciam e pinacócitos, formando a pinacoderme, os coanócitos se multiplicam e colonizam a superfície interna, formando a coanoderme e, por fim, a micrópila se torna o primeiro ósculo do animal.
Verão: o novo individuo já formado está apto para iniciar todo o processo reprodutivo. Sexuada
Produzem gametas: ovócito (feminino) e espermatozoides (masculino);
Ausência de órgão reprodutor: possuem gônadas que produzem os gametas;
Maioria é monoíca sequencial (produz ovócito e depois espermatozoide, sequencialmente) , ou seja, são hemafroditas;
Protândrica: origina primeiro o espermatozoide e depois o ovócito;
Protogenia: origina primeiro o ovócito e depois o espermatozoide;
Arqueócitos geram ovócitos e coanócitos geram espermatozoides;
Sofrem reversão sexual;
Espermatogênese: coanoderme produz uma bolsa de colágeno com coanócitos que perderam seus flagelos e colarinhos e que irão sofrer mitose e gerar espermatozoides que pode ser chamado cisto, espermatóforo ou folículo espermático;
Oogenese: o espermatóforo entra na esponja por meio dos porócitos (demonstrando a importância do sistema aquífero), fica no colarinho de um coanócito e é fagocitado. Forma-se um vacúolo que quebra o espermatóforo (cheio de espermatozoides), o coanócito perde o flagelo e o colarinho e transporta os espermatozoides até o ovócito, ocorrendo a fecundação. Forma-se um vacúolo excretor em volta do zigoto (sai do animal pelo sistema aquífero), do qual eclode (=nasce) uma larva (desenvolvimento indireto) que é planctônica.

Referências:
Zoologia dos Invertebrados- Ruppert e Barnes- 6ª edição;
Aulas do Professor Valter José Cobo.