Atualizado: 14 de jul. de 2020
Oi, biologuinhos! Vocês gostaram do post que saiu mais cedo aqui na coluna sobre o Reino Vegetal? Espero que sim e espero que também gostem desse que está saindo agora! Como já falamos das plantas, agora veremos um pouco sobre o Reino Animal também.
Antes de começarmos, precisamos saber como são divididos os seres vivos. Vocês já ouviram falar de “RE FI C O FA G E”? Essa é uma abreviação das divisões mais comuns, as que costumamos estudar, e dentro destas estão todos os seres vivos existentes! Utilizamos essa palavra estranha para nos ajudar a guardar a sequencia das divisões, que são: Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie.
Essas divisões estão em ordem decrescente, ou seja, da maior divisão para a menor, tornando-se cada vez mais específico. Podemos usar nossa espécie como exemplo para mostrar como essas divisões funcionam, olha só: nós pertencemos ao Reino Animal, ao Filo Chordata (, à Classe Mammalia, à Ordem Primates, à família Hominidae, ao gênero Homo e à espécie Homo sapiens. Podemos ver que começamos com uma divisão que abrange muitos seres diferentes e fomos pra apenas uma espécie. É dessa forma que classificamos os animais!
O Reino Animal também é chamado de Metazoa ou Animalia e os organismos pertencentes a este grupo são multicelulares e eucariontes. Mas as plantas também não são? Então, existem algumas outras características (bem conhecidas, por sinal) que distinguem esses grupos. Os animais são heterótrofos, ou seja, não produzem o próprio alimento (não fazem fotossíntese ou quimiossíntese).
Também há diferença nas células, visto que animais não possuem cloroplasto e clorofila, não possuem parede celular de celulose, nem vacúolos. Claro que há outras diferenças, essas são as mais básicas e as que geralmente aprendemos na escola.
Além das divisões comuns que vimos ali em cima, dentro do reino, há sub-reinos, dentre eles há o sub-reino Parazoa, no qual se encontram os poríferos (esponjas do mar), caracterizados por animais cujas células apresentam alto grau de independência, não chegando a formar tecidos especializados. As esponjas, diferente dos animais terrestres que costumamos ver, são sésseis, ou seja, elas não se locomovem.
Outro sub-reino, que acho muito interessante e que é pouco conhecido, é o Agnotozoa. Nele estão organismos bem simples, formados por duas camadas de células. Um exemplo mais “famosinho” é o Trichoplax adhaerens, esse serzinho que parece uma gosminha possui seus tecidos organizados de uma forma contribuiu para a criação de uma hipótese sobre a origem do trato digestivo, visto que para se alimentar, ele “rasteja” para cima das partículas de alimento e consegue formar um “bolso alimentar” para “pegar” o alimento. Isso pode ser considerado a criação de um compartimento próprio para a digestão, internalizando esse processo, assim como nosso sistema digestório, porém MUITO mais simples e primitivo. Por causa disso, há quem considere esses organismos como os animais mais primitivos existentes.

Trichoplas adhaerens se alimentando (formação da “bolsa alimentar” indicada pela seta)
E, o último sub-reino, o mais diversificado e mais conhecido, é o Eumetazoa. Do grego Eu, significa “verdadeiro”, portanto estes seriam os “verdadeiros animais”, que possuem tecidos verdadeiros, órgãos, digestão extracelular (ocorrendo em compartimentos especializados). Esse sub-reino agrega desde animais mais simples, como as águas-vivas, que já possuem uma cavidade gástrica (gastroderme) até animais mais complexos, como nós.
Abaixo dos sub-reinos, temos os filos. Como estes são muitos, vamos ver apenas alguns aqui.
Seguindo uma ordem de “complexidade”, vamos começar pelo filo Cnidaria, o filo das famosas águas-vivas. Muitas vezes, quando pensamos, ouvimos falar ou pesquisamos sobre estas, nos deparamos com noticias de acidentes envolvendo “queimaduras” de banhistas em praias. Mas, vocês já pararam para pensar como que um animal marinho pode queimar alguém? Meio estranho, não é? Na verdade, as águas-vivas não queimam ninguém, elas intoxicam. Esses animais possuem células de defesa chamadas de cnidócitos que produzem toxinas, estas produzem uma sensação de queimação/ardência quando em contato com a nossa pele, porém que parte de dentro para fora (ao contrário do fogo, quando há uma queimadura).
Esses cnidócitos estão presentes, principalmente, nos tentáculos das águas-vivas, pois elas os usam para conseguir alimento e se defender. Outra coisa interessante sobre esses animais é que, durante parte de sua vida, elas são encontradas associadas ao substrato, ou seja, elas possuem uma fase de vida séssil (não se locomove), nessa fase, elas são chamadas de pólipos. Os pólipos também apresentam os cnidócitos e fazem quase tudo o que a água-viva faz, não saem do lugar. Já a fase que geralmente conhecemos desse animal, a fase de vida livre, é chamada de medusa. Como vocês puderam notar, o nome do grupo se parece com o nome das células, não é? Quando buscamos o significado de Cnidaria, achamos que essa palavra deriva do grego e significa urticante, que é a sensação que suas células cnidócitos, que caracterizam o grupo, causam.
Há também um grupo de organismos muito semelhante aos cnidários e que muitas vezes é confundido com estes, esse grupo é o filo Ctenophora. Esse filo já foi agrupado junto ao Cnidaria num grupo chamado de Coelenterata, formando os celenterados, agrupados por conta de sua cavidade gástrica. Porém esse grupo foi desfeito visto que não se sabe sobre o parentesco desses animais, apesar da semelhança. Como podemos ver na imagem, os ctenóforos se assemelham bastante aos cnidários, porém eles não possuem os cnidócitos e, portanto, não representam perigo. Um jeito de conseguirmos diferenciar esses dois grupos, principalmente quando são encontrados sem querer, é a presença de faixas ciliadas. Os ctenóforos possuem essas faixas com cílios para realizar a locomoção, já os cnidários utilizam de uma estrutura chamada véu.

Outro filo interessante e que é gigantesco, é o filo Arthropoda, cujo nome é derivado do grego arthros que significa articulado e podos, pés. Os animais desse filo são caracterizados pela presença de um esqueleto externo, chamado de exoesqueleto, formado pela deposição uma cutícula de quitina (uma proteína). O exoesqueleto fez com que os animais precisassem de outras adaptações para sobreviver, uma delas é que essa cutícula forma placas, assim permitindo a movimentação do animal. Imaginem se nós tivéssemos nascido usando roupas de um plástico bem rígido, só deixando as nossas articulações (como o joelho, cotovelo, quadril) para fora.
Como que faríamos para crescer, sendo que possuímos esse “esqueleto” por fora? Os artrópodes encontraram a solução para isso através de processos chamados de muda, nos quais o animal deixa seu exoesqueleto que se encontra “apertado”, pequeno para ele, enquanto um novo está sendo formado. Durante os primeiros momentos fora de seu antigo exoesqueleto, os artrópodes não conseguem fazer nada, seu exoesqueleto encontra-se frágil, deixando o animal desprotegido, portanto eles ficam quietinhos até que seu novo exoesqueleto esteja completamente formado. Esse processo ocorre várias vezes durante a vida dos artrópodes e é controlado por hormônios.
Talvez vocês até já tenham encontrado exoesqueletos de algum artrópode por aí! Um exemplo comum é o das cigarras. Em época de reprodução é comum ouvirmos seu canto, ao olhar em árvores, às vezes conseguimos encontrar elas, mas também podemos encontrar o exoesqueleto antigo (chamado de exúvia) de alguma lá.
Cigarra saindo de sua exúvia
Não podemos finalizar esse post sem falarmos um pouco de algum grupo mais próximo da gente, não é mesmo. Então, vamos falar sobre os mamíferos!
Eles estão em um grupo dentro do filo Chordata e nós aprendemos sobre eles desde pequenos, pois também pertencemos a ele. Essa é a classe Mammalia, que engloba todos os animais que possuem uma glândula mamária (meio óbvio pelo nome né). Nós estamos nele, junto com animais diferentões como os ornitorrincos e equidnas, que pertencem à classe Monotremata, eles são mamíferos que botam ovo e não tem mamilo (a glândula secreta o leite que escorre por pelos). Nesse grupo também encontramos a ordem Cetacea (golfinhos), a Primata (na qual também nos encontramos), e muitos outros grupos menores.
Como podemos ver, existem muitos agrupamentos feitos para os animais, o que foi citado aqui são alguns grupos grandes e conhecidos, dentro dos quais há uma quantidade enorme de outros grupos e seres vivos. Essas classificações foram feitas de acordo com as características em comum e com o grau de parentesco dos organismos que, como pudemos ver com os cnidários e ctenóforos, nem sempre é definido pela aparência.
Cada grupo, até os menores, possuem características que o tornam único, como por exemplo, os cnidócitos dos cnidários, as glândulas mamárias dos mamíferos. E isso é visto com outros organismos também. As plantas também possuem sua própria classificação e seus próprios grupos, determinados seguindo princípios muito semelhantes ao dos animais, e do mesmo jeito ocorre com as bactérias e fungos.
Barbara Mariah Chagas Teberga
Estudante de Ciências Biológicas (Licenciatura)
Colunista de Zoologia (ZOOLOGIA X BOTÂNICA)
FONTES UTILIZADAS
RUPPERT, E. E.; BARNES, R.D. Zoologia dos invertebrados. 6. Ed. São Paulo: Ed. Roca. 1996. 1028p.
Brusca, R.C. & Brusca, G.J. 2007. Invertebrados, p.968 . Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.