IPCC 2021: O que o Grupo de Trabalho 1 nos conta sobre as mudanças climáticas?
Oi biologuínhos, tudo bem?! Antes de tudo: feliz ano novo! Que 2022 seja repleto de realizações e saúde para todos nós <3 Fiquei com saudades de vocês nesse recesso, viu?! Mas enfim, estamos de volta e o primeiro post do ano precisava ser sobre um dos assuntos mais comentados pela comunidade científica em 2021 e um dos assuntos emergentes mais importantes da atualidade: as mudanças climáticas.
Quando falamos em mudanças climáticas, para quem minimamente já se inseriu em leituras acadêmicas, a referência principal é o IPCC: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão científico criado em 1988 que contribui para decisões governamentais, tendo em vista que publica relatórios importantes sobre a atual situação do planeta e seus possíveis futuros cenários, utilizando mais de 14 mil referências de trabalhos científicos para chegar em tais conclusões.
Atualmente, é formado por 3 grupos de trabalho, em que o Grupo 1 é focado em bases físicas das mudanças climáticas, o Grupo 2 é voltado para a avaliação dos impactos, oportunidades de adaptação, vulnerabilidade ecológica frente às mudanças e, por fim, o Grupo 3 traz a tona questões de mitigação das mudanças climáticas. Os trabalhos mais atuais dos grupos 2 e 3 serão publicados ao decorrer do ano de 2022, em junho e setembro, mas os resultados do Grupo 1 já foram divulgados em 2021, e é justamente sobre tais resultados que falaremos hoje.
O primeiro tópico que foi destacado no estudo é que "as mudanças recentes no clima são generalizadas, rápidas e intensificadas e sem precedentes em pelo menos 6.500 anos" e isso, basicamente, nos mostra de uma forma mais claras do que nas publicações anteriores que a ação do homem está, inequivocadamente alterando o clima.
Mudanças climáticas podem sim ser naturais, mas certamente essas que estamos passando não são: nenhuma mudança natural ocorre de uma forma tão rápida como vista nessa atual situação. E não somente as mudanças climáticas estão ocorrendo de forma acelerada, como também eventos climáticos extremos estão sendo cada vez mais comuns, tais como ondas de calor, chuvas fortes e secas mais frequentes e mais severas.
Outro ponto que a publicação de 2021 nos trouxe é de que "as mudanças climáticas já estão afetando todas as regiões do planeta de muitas maneiras" e que essas mudanças que já estamos vivendo tendem a se mostrar de forma cada vez mais violenta.
Inclusive, é importante destacar que algumas dessas mudanças são irreversíveis, mas dentre essas, algumas podem ser retardadas e outras interrompidas, porém isso só é possível se limitarmos as emissões de gases que contribuem para essas mudanças de forma acelerada.
Em relatórios anteriores, já era comentado sobre um aumento previsto de 1,5ºC até o final do século, porém, "a menos que hajam reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões de gases do efeito estufa, limitar o aquecimento a 1,5ºC pode ser possível" e, inclusive, tudo indica que antes do final desse século, já teremos o aumento de 1,5ºC. Essas emissões também foram estudadas e, segundo a publicação mais atual do IPCC, o metano é 50 vezes mais forte que o dióxido de carbono quando falamos em Efeito Estufa e, infelizmente, a concentração desse gás está aumentando consideravelmente nos últimos anos.
Atualmente, a proporção de emissões de dióxido de carbono que está sendo absorvida pelos oceanos e ecossistemas terrestres estão diminuindo com o aumento das emissões, projeções indicam que futuramente essa absorção pode ser de apenas 38%, enquanto que atualmente é de 70%.
Sobre o nível do mar, também trouxeram a tona certas novidades não tão agradáveis: a taxa de aumento do nível médio do mar que era de 1.35 mm/ano entre 1901 e 1990, passou a ser 3.7 mm/ano entre 2006 e 2018.
No início desse post, comentei que o IPCC trazia possíveis cenários das mudanças climáticas e aqui estão eles: em projeções otimistas, é esperado um aumento de 1,5 a 1,9ºC em média até o final do século, enquanto que em cenários intermediários, o aquecimento esperado é de 2,7 a 3,6ºC. Porém, cenários que levam em consideração a atual emissão de gases do efeito estufa, estimam que o planeta pode aquecer, em média, 4,4ºC até o final do século.
Alarmante a situação, né?! É extremamente necessário, mais do que nunca, voltar nosso olhar para a questão das mudanças climáticas e, cada vez mais, pressionar nosso governo para que ações que previnam esses futuros cenários mais catastróficos sejam tomadas.
Ah, e eu não poderia terminar esse post sem comentar mais uma das inúmeras novidades que o Grupo de Trabalho 1 do IPCC trouxe nesse ano: o Atlas Interativo. Nele, é possível observar o impacto de aquecimento de cada cenário desses que citei para vocês e, assim, ter uma visão mais global das áreas mais afetadas. Você pode acessá-lo clicando aqui.